eu google.com, pub-8793333535661611, DIRECT, f08c47fec0942fa0 google.com, pub-8793333535661611, DIRECT, f08c47fec0942fa0 Moda de Negona: The Carters no Louvre e o incômodo que negros ricos causam na branquitude

25 de jun. de 2018

The Carters no Louvre e o incômodo que negros ricos causam na branquitude

Salve salve negada bacana, como vocês estão? Espero que todo mundo já tenha se recuperado do abalo que Beyoncé e Jay-Z causaram semana passada com o lançamento do primeiro clipe do novo álbum "Everything is love" - que está disponível nas plataformas digitais. O que vimos é que o clipe de Apeshit causou e não foi pouco. 


Muito mais que um clipe incrivelmente foda, Apeshit veio para reacender discussões importante. As críticas contidas nos versos da música deixam claro o questionamento sobre como a arte negra é vista e tratada nos mais variados cenários artísticos. O Louvre é o museu mais importante do mundo, mas as críticas vão além dele. Apeshit vem para deixar claro o posicionamento de dois artistas negros diante das inúmeras investidas para manter a arte negra na marginalidade. 



Nos museus, somos minoria e quando estamos, somos expostos como escravos ou como pessoas em situação de vulnerabilidade ou subserviência. Em algumas pinturas mostradas no clipe, existem pessoas negras pintadas sem rosto. Tente lembrar quantas vezes você viu algum artista plástico negro com alguma exposição em museu. Eu não consigo me lembrar. 


Quando o assunto é música negra e premiações, a situação piora já que vemos artistas negros com trabalhos incríveis no hip hop, R&B, Samba, perdendo espaço para artistas brancos. Lembra daquela artista que disse "essa vai pra quem é preconceituoso e acha que branco não pode tocar samba"? Ela não é a única sambista branca a ter um discurso racista. Para uns pode parecer ironia artistas brancos serem racistas, mas a bem da verdade a gente sabe que tem toda uma indústria que lucra com um ritmo de origem negra desde que o rosto que vá para a capa do cd não seja escuro. Não a toa que nos versos cantados por Jay-Z, ele diz


Premiações como o Grammy e o Oscar foram alvo de críticas e até protestos organizados por artistas e celebridades negras questionando o porquê de tantos prêmios para artistas brancos. No ano em que Lemonade chacoalhou as estruturas da indústria fonográfica e rendeu milhares de dólares, o Grammy foi entregue a uma artista branca. Artista esta que reconheceu que Beyoncé merecia o prêmio mais do que ela mesma. Não é a rentabilidade que nos tira o reconhecimento: é o racismo. 

O incômodo que a nossa riqueza causa

Quantas vezes você foi parada em algum lugar porque acharam que você era uma trabalhadora do local e não uma consumidora? E quantas vezes você viu rostos surpresos por dizer que não estava lá a trabalho e sim para consumir algo? Certeza que foram inúmeras. O corpo negro em espaços de consumo - sobretudo, grandes consumos - incomoda e não é pouco. 

Dois artistas negros com condições de alugar o maior e mais importante museu do mundo para gravar um clipe. Pior: um casal negro rico que vai ao Louvre para fazer tudo, menos exaltar as obras ali expostas. Vários formadores classificaram isso como um ato narcisista, compararam a iniciativa dos Carters com a de outros artistas brancos. Tentativas para minimizar e desvalorizar o belo trabalho feito ali. 

O racismo fala mais alto que as regras do capitalismo. Negros com dinheiro não são respeitados ou vistos como consumidores pois a lógica racista insiste em nos colocar em posição de submissão e subalternidade e as artes apenas reproduzem isso. Para nós, a vida não é uma imitação da arte. 

Aqui no Brasil, vários artistas negros foram vítimas de racismo. Emicida, Érico Braz, Taís Araújo, Cris Viana. Até Titi Gagliasso - uma criança de apenas 5 anos -  foi vítima de ataques racistas. A política do embranquecimento no Brasil é algo muito forte e resistir a isso é enfrentar um estruturado sistema. Basta ver a novela "Segundo Sol" - que se passa na cidade mais negra fora do continente africano e é composta por um elenco majoritariamente branco. 



Muito mais do que escancarar o racismo nos espaços artísticos, Apeshit é um desabafo de dois grandes artistas negros. Apeshit é mais uma prova de que a ascensão social, financeira e econômica da população negra incomoda muito! 

Nossa história não começou na escravidão. Somos muito mais que descendentes de pessoas escravizadas. Somos herdeiros de reinados, temos sangue real em nossas veias. Nosso cabelo é uma coroa de rainha! Não vamos aceitar menos do que isso. 
O recado tá dado!


E vocês, o que acharam do clipe de Apeshit? Conte aqui nos comentários e vamos ampliar nosso debate. 

Até mais, negada!
AnaLu Oliveira

Um comentário :