Hoje é 21 de março, dia em que a ONU escolheu como o Dia Internacional de Combate a Discriminação Racial. Hoje também completa uma semana que Marielle Franco foi brutalmente executada. Não é uma data para ser celebrada, mas para lembrar a luta daqueles que nos antecederam. 21 de março é dia de olhar nossa trajetória enquanto pessoas negras em uma sociedade racista e reconhecer o quanto lutamos, o quanto ainda temos que lutar.
Dados do Atlas da Violência no Brasil atestam que ser negro por aqui não é fácil. A cada 23 minutos, um negro morre em nosso país. Todos os meses, 63 negros morrem em virtude do racismo e da violência. Dos 30 mil jovens assassinados no Brasil, 77% deles são negros. Mas hoje, eu não quero falar com negros e negras - já que vocês, assim como eu, sabem sobre tais dados tão bem quanto eu. Hoje, quero falar com quem não é negro. Com quem tem privilégios sociais. Pra quem não faz parte dessas lamentáveis e dolorosas estatísticas.
É difícil (muito difícil) lutar todos os dias. Sair de casa com medo de ouvir palavras que nos dilaceram, ter dedos apontados para nossos traços - e que nos conectam aos nossos ancestrais. É foda ver que desde antes de nascermos, a nossa existência é combatida. Sim, não há outro termo que defina melhor o que sofremos todos os dias: existência combatida. Crianças, adultos, velhos...em todas as etapas da vida humana, sofremos algum tipo de violência por sermos negros. Apenas por existir!
Não existe "branco pobre também é preto" ou "branco de alma negra". Porque, negro rico não é branco e alma não tem cor (e se tiver, quem se importa). O racismo faz parte da nossa vida, não porque aceitamos, mas porque tem uma sociedade inteira que insiste em fazer dele um instrumento de opressão. Nós seguimos resistindo. Nós seguimos morrendo.
Hoje é 21 de março. Lembremos dos 69 negros mortos na manifestação de Shaperville na década de 1960. Lembremos de Zumbi dos Palmares, de Dandara, de Tereza de Benguela. Lembremos de Marielle Franco. Lembremos dos nossos. Lembremos daqueles que deram passos antes de nós. Isso nos dará força para seguir com a nossa luta. E a vocês, privilegiados, repensem suas atitudes. Você pode não ter sangue negro nas veias. Não queira tê-lo nas mãos.
Repense suas atitudes. Reconheça seus privilégios. Escute e respeite a nossa luta. Ser negro vai muito além de ouvir rap ou ter um dread. Ser negro é um ato político! É resistência.
#MariellePresente
#DigaNãoAoRacismo
#JuventudeNegraQuerViver
Com esperança,
AnaLu Oliveira
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