Salve salve, negada bacana! Como estão vossas lindezas? Enquanto estive ausente daqui do blog, muita coisa rolou. Muuuita coisa mesmo! Uma delas foi um post que circulou no Facebook e em algumas redes sociais sobre não entrar na universidade em 2018. O texto falava sobre investir em trabalhos voluntários e sobre conhecer a si mesmo através de experiências inovadoras. E claro que isso gerou muita polêmica e indignação. Eu mesma fiquei bastante emputecida com o discurso de "vai fazer outra coisa, você não precisa da faculdade agora".
Afinal, este discurso não se aplica a nós, pretos e pretas. Não se aplica porque para nós, o egresso na universidade não significa apenas a oportunidade de conseguir um emprego no futuro ou um cargo de gestão em uma multinacional. Para muitos de nós, a universidade é a única oportunidade de quebrar um ciclo vicioso, o único meio de não entrar nas estatísticas de assassinatos, drogas, suicídio, prostituição, entre outros.
Não que eu pense que seja desnecessário a gente se descobrir e saber mais sobre si mesmo. Mas é muito confortável para alguém que desde sempre teve as portas das universidades abertas (como é o caso do autor do post) dizer coisas desse tipo. Quero até acreditar que ele não tenha escrito aquilo com más intenções. Mas, aquilo não se aplica a gente. Não se deixe levar por esse papo. Sabe porquê?
Porque essa viagem de autoconhecimento após o ensino médio só faz sentido para quem não fazia parte dos 5,5% de estudantes negros que estavam na universidade em 2004 - ano em que a lei das cotas raciais foi instituída nas universidades públicas brasileiras. Pra quem tinha idade para cursar uma faculdade, mas fez parte dos 53,2% dos estudantes negros que ainda estavam terminando o ensino médio ou até mesmo o ensino fundamental - o percentual para estudantes brancos nesta mesma situação é de 29%.
Fonte: geledes.org.br |
As portas das universidades só abriram para nós há pouco mais de 10 anos. Para pessoas como o autor do post, elas nunca estiveram fechadas. Se para eles, há toda uma pressão para ascensão social, para nós só apontam armas e dedos julgadores. De cada 100 pessoas assassinadas no Brasil, 71 são negros.
Como mulher preta e a primeira a ter mestrado em uma família que muitos nem terminaram o ensino médio, eu digo a vocês: façam faculdade, estudem! O estudo é nossa melhor forma de fazer a diferença e mudar a vida dos pretos que amamos! Invistam no conhecimento, escolham a graduação que melhor combine com as habilidades e talentos de vocês, cuidem da saúde mental e lembrem-se sempre que:
"A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo"
Nelson Mandela
E vocês, o que pensam a respeito?
Quando você decidiu entrar na universidade?
Qual é a formação de vocês? Comenta aqui!
Boa semana, negada!
AnaLu Oliveira
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